12.12.08

Em cacos

O mundo está podre. Tão podre que já não vemos as mesmas cores com as mesmas tonalidades. Tão podre que as pessoas estão se contaminando com a podridão do mundo, mesmo que tenham sido elas as criadoras de toda essa sujeira.
Já não se pode ser humano. Ser humano agora é ser da espécie humana, o ser humano agora é o que move o mundo. Não mais as águas, não mais o sol. Agora são as pessoas o que mais importa, e o dinheiro que elas podem fazer, a riqueza que podem acumular.
A vida acabou. Será que ninguém percebeu isso? A cobiça vale mais do que qualquer coisa, o egoismo agora é sentimento universal e, o que antes ocupava esse cargo, o tão famoso amor, agora é totalmente banalizado - assim como o seu contrário, o ódio. Todos odeiam tudo, todos amam todo mundo. E a sinceridade, aonde fica nessa história?
Já não se pode ser gente. Já não se pode fazer o certo, ter caráter, querer justiça. Já não existe a boa índole, a boa criação. E ajudar ao próximo é careta. Agora as crianças aprendem desde cedo a usar a "esperteza", como muitos outros espertos do mundo. E se você quer olhar pro umbigo do outro, quer chamar a atenção.
O mundo está realmente podre. Prontinho pra ser jogado numa lata de lixo, só falta embrulhar pra presente. Laço de fita verde ou azul? Coloquemos os dois, pra disfarçar a falta das duas cores que antes cobriam o globo. Quem quer ajudar? Ninguém? Então deixem como está.

11.12.08

Só por hoje

Por hoje deixo as palavras bonitas, os versos montados, a preocupação em escrever milimetricamente certo - não que haja mesmo um jeito certo de escrever - para dar espaço a pensamentos soltos. Por hoje deixo as poesias, as hipérboles e personificações, porque já não combinam comigo. Por hoje quero ser eu e poder reclamar do quanto gostaria de ser outra pessoa. Só por hoje.
É um choque quando os seus planos não saem do jeito que você queria, do jeito que você tinha sonhado. E é um choque maior ainda aceitar isso e saber lidar com planos diferentes, ou, pior, arranjar planos diferentes em 24 horas; horas essas que, se forem usadas de forma errada, podem estragar toda uma vida... Porque escolhas erradas podem te destruir tanto! E depois não há volta, o tempo não espera você perceber o quanto errou.
Não mais existe a vontade de lutar pelas coisas, não depois que você cai e se machuca desse jeito. Não mais existe a força ou a alegria de antes, porque tudo ficou naquele maldito chão de cimento. Não mais existe o que eu era antes... Agora é tudo diferente.
Abertamente? Eu tenho medo. Medo do que possa vir a acontecer, medo do que eu não conheço, medo do que eu nunca vivi e que pode ter chegado o momento. Mas, mais do que tudo isso, tenho medo de errar novamente. Não se pode consertar um erro, o que passou é passado, como bem diz o verbo.

10.12.08

Quebra-cabeça

A vida e suas peças quebradas de quebra-cabeça, que não se encaixam. As linhas tortas e as imagens disformes, e a impotência que a gente sente por não conseguir montar o destino. E também tem a vida peças pregadas. Não pregadas com linha, não costuradas, mas pedras. A gente sempre tropeça nas pedras da vida, e depois custa um pouco levantar. Não dinheiro, porque notas não pagam tombos, mas custa, sim, força. Não força física, porque músculos não levantam a nossa alma, estendida, caída e morta no chão. Custa esforço, custa aceitação, custa um balde de água fria. Não que isso vá ajudar, mas talvez sirva pra acordar a alma morta, porque o quebra-cabeça ainda está incompleto.