28.2.09

Malditas palavras

Mais uma vez estou aqui, querendo ter o que dizer, procurando em todas as minhas entranhas alguma dor, algum pedaço de coração. Queria saber que merda acontece comigo, o que essa maldita doença me faz sentir exatamente. Queria ter respostas pra tantas perguntas. Queria ser normal, só isso. Queria não ter que sentir tanta coisa inútil.
Não consigo me acostumar a essas mudanças tão repentinas de humor e ao que pode causá-las. Aparentemente, não tenho nada. E tudo caminha perfeitamente bem, até uma raiva incontida crescer em meu peito, me embrulhar o estômago, me fazer sentir nojo dessa alma que está encarcerada aqui, me queimando e matando aos poucos. Aperto essas teclas com a mesma velocidade absurda e a mesma força que eu gostaria de ter pra mudar, pra fazer parar essa metamorfose que não faz nada a não ser me ferir, me estragar. Não consigo pensar no que escrevo, trinco os dentes pra me controlar, mas tudo o que acontece é pranto, é esse sal que arde em meus olhos semicerrados de ódio, de dor; olhos totalmente consumidos.
Desprezo, é isso que eu sinto. E é isso que me move, que me faz armar as mãos em punho, que me faria matar se eu tivesse coragem, me matar se eu tivesse a maldita coragem. É simplesmente insuportável tentar viver como se não acontecesse nada que fere esse corpo podre por dentro, como se eu tivesse algum traço de vontade de respirar todos os dias. E não é que necessariamente eu queira virar pó, mas eu não tenho escolha, não tenho alternativa.
Maldita essa alma infestada de demônios do medo e da incerteza, maldita essa cabeça e essas lágrimas que escorrem sem um mísero sinal de liberdade. Maldita a minha inocência por pensar que posso viver um dia de cada vez e que as coisas podem mesmo acontecer como eu estou planejando. Malditos planos... Malditos.
As lágrimas incessáveis não são tão salgadas como deveriam ser, não tem gosto nenhum de coisa alguma, não tem asas. Esse sal fica preso, me entupindo as veias. E a sombra de um alívio abafado não é nada mais do que isso, uma sombra.

27.2.09

Perfil

Eu só pareço ser normal, ou talvez nem isso. As pessoas só conseguem ver em mim tudo o que eu não sou. E elas nunca conseguirão ver o que eu sou, porque eu só sou sozinha, no escuro.
Eu sou ilegível, um rascunho mal acabado e sem a intenção de realmente ter um fim; eu sou invisível pro mundo de tão pequena e insignificante.
Eu sinto dores exageradas e consigo desfrutar delas; eu morro toda vez que me perco no labirinto infinito e confuso que é a minha mente; eu guardo segredos que não são tão secretos assim, porque a minha vontade era de poder contá-los, de que quisessem me ouvir.
Eu tenho raiva de mim, muita raiva, e por que descontar nos outros se eu posso fazer isso comigo mesma? Mesmo quando a raiva não é de mim, eu não mereço descanso. Eu sou cruel, muito cruel, mas nada comparado a vida.
Às vezes eu gosto de ter o sangue correndo nas veias e de gritar o mais alto que a minha garganta permitir; eu gosto de perder o rumo e me ver derrotada, mais uma vez; eu gosto de chorar todo o sal do meu corpo, ele sempre parece mais leve depois disso. Mas, no final, a única pessoa que se importa sou eu. Então por que você leu tudo isso?

15.2.09

Odeio muito tudo isso

Não sei o que escrever hoje. E acho que não estou com muita vontade de escrever. Minha cabeça dói, minhas pernas doem, alguma coisa dentro de mim dói também, e eu não faço idéia do que seja. Me sinto tão estúpida quanto frágil, e isso me deixa irritada. Não poder controlar minha própria vida também me irrita. Odeio isso.
Odeio ser quem eu sou, odeio mesmo. Odeio quando as calças não servem em mim, e normalmente isso acontece porque sou baixinha demais, e não porque não tenho cintura. Ou às vezes pelas duas coisas, mas nunca só pela segunda. E eu odiei isso hoje. Quase me fez pensar que estou magra, quase. Mas não pode ser isso... Essa calça deve ter uma modelagem estranha, porque eu me sinto enorme e cada vez que eu como pisca uma luz vermelha na minha cabeça dizendo que essa não é a coisa certa a fazer e que eu vou me sentir pior depois. É como dizem, um segundo de prazer pra uma vida de gorduras. E eu odeio ser gorda, odeio.
Odeio saber que tenho que fazer coisas que não quero fazer. Como ter que estudar... E nessas horas eu me odeio em dobro por não ter estudado antes, quando era a hora. Odeio me dar conta de que o tempo passa muito rápido, embora às vezes pareça mesmo que um minuto seja uma hora. Odeio ver ele passando e não fazer nada... Odeio ter que esperar pra ter as coisas que quero, pra que seja o dia seguinte. Odeio saber que meus planos podem não dar certo, que minha carteira é pequena demais e o que enche ela não é dinheiro, que eu não tenho vontade nem de arrumar meus murais de fotos.
Odeio comprovar, cada vez que vou ao cinema, que sou fraca, que choro por tudo. Odeio chorar na frente das pessoas, principalmente quando são desconhecidos. E odeio ainda mais ficar abalada por isso, por saber que sou tão sentimental. Odeio pensar muito na vida, em como são as coisas e o que pode mudar no futuro. Sempre que eu faço isso eu fico muito mal. Odeio ficar tão mal. Mais porque eu acabo passando meu maldito mal humor pra quem não tem nada a ver com isso e acabo irritando quem só tenta me ajudar. E eu odeio irritar as pessoas que eu amo. Odeio esse maldito borderline.
Odeio também ter crises de pânico e claustrofobia em lugares públicos. Isso acontece quase sempre em lugares públicos, mas não me faz odiar menos. Muito pelo contrário. Odeio chegar a tal ponto... Odeio odiar as pessoas. Ou talvez não, acho que esse ódio é bem saudável, porque ninguém nesse mundo presta. Eu sei disso, porque nem mesmo eu presto. As pessoas são um lixo e eu queria não ter que olhar pra cara de nenhuma delas mais. Nunca mais.