16.2.08

Minha ausência

Fraca... eu sempre fui fraca. Nunca corri atrás do que queria, mesmo que o quisesse muito; sempre desisti muito fácil da batalha. E não vejo nenhum jeito de mudar isso.
Eu sempre soube distingüir o caminho certo do caminho errado, mas, quase como se fosse de propósito, escolhia sempre seguir o segundo. Muitas vezes quebrei a cara, como todo mundo... E talvez o meu mal tenha sido pensar que as minhas dores eram insgnificantes comparadas às dores dos outros; que sempre tinha alguém sofrendo mais do que eu; que o meu momento ruim era besteira e que só a fome na África era preocupante. A verdade é que eu nunca aceitei não conseguir carregar o mundo nas costas. Nunca aceitei esses braços fracos, essa pouca vontade, essa falta de determinação. Nunca aceitei o meu jeito de lidar com as coisas...
Talvez eu nunca tenha estado diante de uma situação que me exigisse demasiada força. Talvez nunca tenham me colocado contra a parede pra que eu me sentisse pressionada a ponto de reagir. Ou talvez eu não quisesse mesmo reagir. Era tudo tão fácil...
Mas agora é diferente. Por acaso alguém me perguntou se eu queria lutar? Por acaso me deram uma segunda opção, uma segunda estrada? Eu tive alguma chance de escolher o caminho errado, o caminho mais fácil?
Eu nunca lutei. Minhas espadas gritavam, reprimidas dentro do meu peito, pedindo pra darem as caras, pra perfurarem corpos, pedindo por guerra. Mas eu sempre as contive, a ponto de espiarem o sangue no chão, sem poderem derramar mais nenhuma gota. Eu sempre as guardei, as protegi. Sempre por medo. Medo de perder, de me machucar, de me sentir uma inútil que, mesmo com armas, não consegue matar ninguém.
Querem saber? Eu sempre fui uma inútil. Sempre me senti assim. Nunca fiz por merecer, nunca venci os meus limites, nunca achei que estivesse bom. Porque eu queria mais! Sempre mais!
Agora eu entrei em um beco sem saída... E o demais que eu queria está se jogando em cima de mim. Eu não posso voltar, o muro de concreto não me deixa passar. E minhas pernas fracas, ah... Essas não conseguiriam fugir, nem se quisessem. Porque não posso mais. É hora da guerra; é hora de vencer ou vencer. Por isso, tenho que estar determinada, como jamais estive. Tenho que deixar que o frio percorra todas as veias do meu corpo, que congele minha alma. Tenho que viver como se eu não existesse, como se fosse outro alguém. Alguém que realmente tenha forças. Um alguém que eu nunca soube ser, mas que tampouco posso fugir dele.
Mas pulsa na minha mente a pergunta que me atormenta... Qual é o motivo de toda essa palhaçada? Pra quê tanta tortura? Afinal, a guerra é dos poderosos. A corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Sempre do meu lado; sempre dentro de mim... Sempre arrebentada, destruída, fracassada. Sempre eu. Pra sempre eu.