22.2.08

Aquela falta

Pela primeira vez escrevo sem ter mesmo o que dizer. Mas meus dedos pedem por isso, por apertar essas pequenas teclas pretas, quase incontrolavelmente. Minha cabeça pede por reflexões, pensamentos atordoados, contraditórios, tão constantes. Meu coração pede por sentimentos devastadores, porque está realmente acostumado. Meus olhos pedem por lágrimas, aquelas que tanto molham meu travesseiro; por aquele sal que arde, que tanto vicia, que inunda.
E ontem eu chorei. Chorei porque às vezes não aguento viver. Às vezes a vida me sufoca, me enforca, me afunda. Às vezes dói. E eu não durmo quando dói.
Ontem eu não dormi. Ontem eu só pensei em você, nonna, e em como eu sinto a sua falta. Ontem eu pensei em como a vida seria diferente se você ainda estivesse aqui comigo... Ontem eu vi as suas fotos; li as suas palavras atrás daquela foto, a sua letra quase parecida com a minha; aquele seu jeito de segurar a caneta, tão suave. Eu quase toquei suas mãos. Ontem eu quis que o tempo voltasse, como tantas outras vezes. Eu quis poder ser criança, poder te abraçar de novo, só mais uma vez. Ontem... ontem a vida me machucou. Tanto que as lágrimas salgadas incharam meus olhos.
Eu chorei por você. Chorei porque eu preciso de você. Chorei porque você foi embora... E porque a sua ausência é a minha maior dor. Mais do que todas as feridas feitas com o chicote da vida, é aquele vazio que sangra mais. Aquela falta de você. Aquela falta que ficou quando você se foi. Aquela falta...