16.11.08

Visivelmente amor

Abstratamente eu amo. Porque amor não se toca, não se provoca, não se beija. Amor não se dá por metade, amor é inteiro, por partes. Amor não se cansa, não se precisa alimentar, amor estará e ponto. Recomecemos, porque o amor não espera, é imediatista, tem pressa.
Amor às vezes é ferida, é alma ardida, é promessa de mudança. Amor sem dor não pode ser amor, de qualquer jeito. Amor grita, exclama, se precipita e inflama quando é preciso, também. Nem só de felicidades vive quem ama.
Amor é estrada trilhada, o caminho pra casa, a lua no céu, meu céu. Amor é perigo, lanterna e abrigo, casaco pro frio, é comida. De barriga cheia se pode caminhar. Então caminhemos, de novo.
Amor é luz, é raio, trovão. Inunda o coração, tempestade. Amor não fica, não dorme, não cala. Amor fala, fala, fala. E fala de novo, porque amor tem voz surda e parece que, às vezes, não é ouvido. Então reclama. E reclama também o coração, porque esse é pequeno para abrigar amores tão impacientes.
Amor não se troca, não se mostra, não se pede de volta. Amor é entrega, não espera pagamento. Amor sonha, e sonha de novo, e é pintado, recriado, enfeitado. Amor vive, respira, não descansa. Amor hidrata, retrata, adormece e desperta, de novo, quando é de manhã. Mas às vezes o amor tem insônia e eu perco o sono pensando, amando, substantivando o invisível tão sentido em mim.