13.3.09

Como todas as coisas

Eu sou uma menina normal. Normal como o céu cor de rosa em dias de chuva de groselha; como as nuvens de algodão doce em forma de corações quando não há chuva de groselha. Normal como a neve que sabe voar, que sorri quando cai e vira tapete de espuma. Normal como as ondas de sorvete de morango no mar de chantilly, com areia de castanha e vento com cheiro de cereja. Normal como as calçadas do centro cobertas de margaridas, como as ruas de grama verde e cintilante de toda essa cidade. Normal como telefones de marshmallows, lamparinas de jujuba e alguns carros de borracha; como túneis de papel celofane, semáforos de porpurina, guardinhas de chumbo sempre na mesma posição. Normal como bicicletas andando sozinhas, tocando músicas e sinfonias; como a brisa com gosto de lua, gosto bom de luar. Normal como passarinhos comendo magia, como crianças correndo e pulando e rolando e girando em roda, sinal de liberdade. Normal como paredes e muros pixados com cores estonteantes, desenhos vibrantes, ursinhos e raios de sol; como postes com placas comestíveis, pedágios com trocos de bala, caramelo e bombom. Normal como árvores de chocolate, com doces desembrulhados, prontinhos para comer; como bichinhos saltitantes a cada pequena esquina, a cada aconchegante refúgio desse mundo tão grande, esse mundo que eu conheço inteiro porque tenho imaginação. E aonde eu passo brotam flores, amores, poesia e canção; a cada passo vejo nascer o sol, vejo estrelas coloridas, vejo vida, vida.

Inspirado no videoclipe da música Lento, de Julieta Venegas.