5.3.09

Dois dias

Eu sempre minto. Engano a mim mesma, eu sou cruel. Eu jamais deveria sequer pensar que as coisas estão dando certo pra mim. No meio do caminho eu sempre estrago tudo. Comigo nunca chega ao fim, eu nunca permito que haja um maldito fim. Eu interrompo os desejos, os sonhos, eu mato as vontades. Estrangulo o mísero fio de esperança que resta nessa cabeça doentia. Aperto com as próprias mãos a minha garganta até que ela se feche e eu não tenha uma porção de ar que me pertença ou que me faça reagir. Fica tudo intragado. O tempo correndo, a vida passando, o corpo morrendo. Eu não devia existir, eu não fui feita pra isso. Eu não sei lutar, eu sou fraca, fraca. Mil vezes fraca, sem escudo ou espada.
Dois dias foram o limite de uma tentativa de acerto. Dois dias e eu desmoronei, como todas as outras vezes. Dois dias e eu decidi que não posso mais tentar. Eu não tenho mais chão.