20.7.09

Estuprada

Queria saber o que escrever aqui. Queria que as letras ocupassem de novo o espaço em branco quase sem controle, a não ser pela velocidade freada dos meus dedos inúteis. Queria ter palavras para explicar o que se sente, como se sente. Ao invés disso, só sinto.
Eu estou cheia. Tapei com comida exagerada esse buraco aqui dentro, essa parte vazia do meu estômago e do resto do meu corpo, aquela parte cuja existência é totalmente ignorada pelos outros. Se pudessem me entender, se ao menos quisessem...
Esse mesmo buraco falsamente tapado continua doendo. Tanto que me faz querer rasgar minha pele, esvaziar minhas veias de todo o sangue que aqui dentro circula, descansar em paz. Em paz?
Não existe paz. Não existe descanso pra essa mente conturbada, realidade deturpada, estuprada. Não existe nada, nem o fim do tunel. Existe um poço sem fundo e só.